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Caros amigos,o objetivo do Blog é compartilhar informações, opiniões e experiências sobre escaladas e divulgar o incrível potencial que a região de Nova Friburgo possui para a prática desse esporte. Disfrutem, deixem comentários e compartilhem sempre que quiserem suas aventuras pelo mundo afora! Sejam sempre muito bem-vindos! Um forte abraço e boas escaladas!!!

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Serviços de guia de escaladas e caminhadas em NF.

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HISTÓRIA E SISTEMA DE GRADUAÇÃO.

      Fonte:http://historiadefriburgo.blogspot.com.br

A colônia de Nova Friburgo foi criada por deceto real no dia 16 de maio 1818, quando D. João VI contratou a vinda de 400 famílias Suiças para instalar-se nesta área, que na época era conhecida como Fazenda do Morro Queimado. Em 1824, foi acresido a Vila Nova Friburgo um contingente alemão. A partir dessa data, a região passou a receber imigrantes italianos, libaneses espanhóes e japoneses, entre outros, e acolheu a todos com o mesmo carinho com que até hoje trata seus visitantes. Essa colonização se reflete na arquitetura, gastronomia e hospitalidade do povo. Natureza pura: Nova Friburgo está localizada em uma das maiores reservas da fauna e da flora do planeta. E ideal para respirar o ar puro da montanha, tomar banho de cachoeira, pescar truta observar a cidade do alto das montanhas.





Fonte:www.wikipedia.com

Histórico – 79 Anos

Fonte: Centro Excurcionista Friburguense.


O Centro Excursionista Friburguense é o segundo mais antigo do Brasil tendo sido fundado em 20 de Julho de 1935. Foram seus fundadores funcionários das três principais indústrias de Nova Friburgo, na época, as fábricas de Filó, Arp, e Ypú. A iniciativa desse movimento provavelmente partiu do grande número de estrangeiros que veio trabalhar na crescente industrialização na cidade, com a participação do seus colegas friburguenses de trabalho.




Fundadores do Centro Excursionista Friburguense
Fundadores do Centro Excursionista Friburguense
Foram fundadores do CEF – Centro Excursionista Friburguense os seguintes excursionistas: Friederich von Veigl, Eitel Meyer, Ziegfried Joaquim, Paulo Rocha, João de Jesus Louzada, Mozart Batista, Aristides Folly, Herman Prunbaum, Estefan Kaul, João Batista Pimentel, Ferdinand Wehemeyer, Eugenio Polisseni, Rubem Carvalho, Walmir Matiglia, Ernesto Hirsch, Carlos Brustler, Edmund Max Weber e Emil Kramer.
Em virtude da Segunda Guerra Mundial, que envolveu a Alemanha os cefistas alemães se retraíram e com isto esmorecendo as atividades do centro excursionista. Entre os anos de 1943 e 1952 o CEF permaneceu adormecido.
Em 1953 um dos fundadores João Batista Pimentel, procurou o professor Hermano Fontão que já vinha excursionando com um grupo de amigos e propôs que o CEF tivesse continuidade. Como presidente e professor foi grande a participação de estudantes, tendo o CEF chegando a ter cerca de 150 associados. O Centro Excursionista Friburguense contou ainda com o entusiasmo, mesmo idoso do seu fundador Friederich von Veigl. Nesse período foram diversificadas as atividades que até então se resumiam às excursões, grandes caminhadas e escaladas.

Sílvio Mendes, Salomith Smith e Hermando Fontão do CEF (Foto tirada por Wilson)
Sílvio Mendes, Salomith Smith e Hermando Fontão do CEF (Foto tirada por Wilson)

No princípio da década de 60 o CEF voltou a adormecer.Em 1986 surgiu a Equipe Montanus, fundada por jovens entusiastas do alpinismo, liderados por Cláudio Debossan Morais que em 1998, com o apoio da Associação Católica da Juventude Friburguense e Centro Excursionista Friburguense vem se mantendo em atividades até os dias de hoje.

Primeiro Encontro da Primavera em 01-10-1989  no Parque da Cascata que depois veio a ser a Fundação Natureza. Este evento foi organizado entre outros pelo Centro Excursionista Friburguense e a Federação das Bandeirantes - Distrito de Nova Friburgo. — com Geraldo Silsan, Eloir Perdigão, Claudio Debossam, Fbb Movimento Bandeirante e Paulo Braga Junior.André Rodrigues

         Fonte: André Rodrigues.

No coração do friburguense o CEF sempre viveu !




O início
Fonte: André Rodrigues / http://verticalonline.blogspot.com.br.

Provavelmente o montanhismo em Nova Friburgo tenha começado com a chegada dos colonizadores suiços e alemães ao municipio respectivamente em 1818 e 1824 em tratados assinados por D. João VI. Acredito que os imigrantes trouxeram em suas bagagens, além de sonhos e ideais, a sua cultura e com certeza o esporte ou talvez a própria vontade de se conhecer o novo, de se explorar o desconhecido. Acredito que o homem sempre foi atraído pelas montanhas em se chegar ao topo dos pontos mais altos de seus habitats e com certeza existem grandes chances de algumas das montanhas da região terem sido exploradas no passado, mas isso não passa de pura especulação.

Década de 20

Os primeiros passos que se tem notícia do montanhismo em Nova Friburgo foram dados nessa década, nesta época atingir o cume de qualquer montanha poderia ser considerada uma verdadeira expedição, uma eventura na Mata Atlântica ainda intocada em nossa cidade. O Pico do Caledônia que hoje é facilmente acessado em um veículo ou até mesmo com poucas horas de caminhada por uma estrada toda calçada quase até seu cume e depois por uma escadaria até o topo, há mais de 90 anos necessitava de uma grande logística. Registros antigos relatam que eram necessários pelo menos 2 dias para se atingir seu cume. Hoje o Cascatinha é importante bairro da Cidade, mas naquela época tratava-se de um longinquo povoado com difícil acesso por uma precária estrada de terra.

Nova Friburgo na decada de 20.


Década de 30

Nesta década o esporte começava a se organizar e foi em 1935 para ser mais preciso no dia 20 de julho de 1935 era fundado o Centro Excursionista Friburguense, o CEF. Exatamente dois meses após cinco jovens resolverem escalar pela primeira vez o Morro da Letra "E" (ou Pedra do Parlatório), atualmente conhecida como Pedra da Cascata, heróica proeza que serviu de incentivo à criação do CEF, segundo clube de montanhismo mais antigo da América do Sul, sendo precedido apenas pelo Centro Excursionista Brasileiro fundado em 1919. O CEF ficou em funcionamento em plena atividade durante todo o restante desta década tendo sido seus fundadores: Friedrich von Veigl, Stephan Kaul, Eitel Meyer, Aristides Folly e Mozart Batista (os cinco pioneiros a realizarem a primeira escalada na Pedra da Cascata), além de Hermano Prunbaudn e João de Jesus Lozada. O sócio mais ativo deste período do CEF foi o Sr. Von Veigl, que foi homenageado extra-oficialmente pelos montanhistas da cidade com uma montanha recebendo seu nome. Até parece que estamos falando da história do CEF e não da história do montanhismo friburguense, mas, vale ressaltar que durante muito tempo essas histórias se confundem e só se dividirão finalmente lá pelos anos 90, mas isso é bem mais adiante.


Década de 40

No início dos anos 40 o CEF continua em plena atividade, mas infelizmente os efeitos da segunda grande guerra mundial também são sentidos no meio montanhistico da nossa cidade e o clube foi diretamente afetado, isso por um simples motivo, grande parte dos seus associados eram alemães ou descendentes diretos de alemães e pelo que constam relatos antigos o CEF já possuía inclusive uma sede própria na principal avenida da cidade, seus associados foram perseguidos e o clube teve todos seus documentos confiscados o que apagou quase totalmente este período da história do CEF. Ainda no início dos anos 40 o Pico Maior teve suas primeiras investidas por sócios do CEB (Centro Excursionista Brasileiro), mas, dois deles Hamilkar Reigas tendo sido confundido com um alemão e Ulisses Braga com um japonês foram denunciados por moradores locais, pois, acreditavam trata-se de espiões querendo instalar uma antena de transmissão no cume deste pico. Chegaram a fixar 5 grampos e um cabo de aço, mas foram obrigados a abandonar a conquista. Nesta época os Três Picos eram conhecidos entre pilotos de aviões como montanhas fantasmas, por não constarem das cartas áereas. Em 1946 finalmente o Pico Maior, a mais alta das montanhas friburguense foi conquistado, sob a liderança do sócio do CERJ (Centro Excursionista Rio de Janeiro), Silvio Mendes.

Época da conquista do Pico Maior em Salinas, a via era a Sílvio Mendes. O ano era 1946.

A equipe de escaladores retomou a conquista abandonada forçossamente pelo CEB e deu término a este grande desafio. Vale ressaltarmos que todo o acesso e a via hoje conhecida como Silvio Mendes estão em território do munícipio de Teresópolis. Logo depois a escalada foi repetida novamente sob liderança de Silvio Mendes. Outros 5 escaladores fizeram parte desta aventura entre eles Salomith Smith e a dupla friburguense Hermano Fontão e Rosalvo de Magalhães, nesta empreitada eles levaram metros e metros de cabos de aço pedra acima para serem instalados na via. Nesta jornada o jovem professor natural da cidade de Macaé, mas criado em Nova Friburgo, Hermano Fontão se torna o primeiro morador da cidade a chegar ao cume do Pico Maior, seu companheiro de aventuras Rosalvo de Magalhães, desistiu desta escalada, após uma noite de muito frio e fome no meio da montanha. Principalmente Hermano, no decorrer desta década e da seguinte se tornou um dos nomes mais importantes da história do montanhismo friburguense.


Década de 50

Hermano cada vez mais se dedica ao montanhismo e principalmente a escalada que nesta época contava apenas com alguns utensílios ainda escassos no Brasil. Em Nova Friburgo era ainda mais difícil ter acesso a algum equipamento. Hermano chegou a alugar um monomotor para sobrevoar as montanhas da cidade para fotografar e estudar detalhadamente onde iria realizar suas conquistas, tenho certeza que ele só não realizou muitas outras conquistas por não ter companheiros para suas aventuras. Em meados da década de 50 o fundador do Centro Excursionista Friburguense, o Sr. Friedrich von Veigl procura Hermano e o incentiva a reativar o clube que já estava fechado havia mais de uma década. Com apoio de von Veigl e com grande facilidade de difusão através de suas turmas onde lecionava inglês em colégios da cidade o professor Hermano, conseguiu durante alguns anos levar o CEF a seus tempos aureos chegando a ter 150 sócios participando ativamente do clube. Em 1956 duas importantes conquistas foram feitas por Hermano Fontão, a primeira quando atingiu sozinho o cume da Pedra do Cão Sentado (simbolo da cidade). Para esta aventura ele não utilizou nenhum grampo, tendo em vista a grande quantidade de Gravatás e moitas que haviam na encosta da pedra. Logo após veio a conquista do Pico do Charuto, desta vez junto a Rosalvo, esta conquista foi um grande feito para a época, pois, trata-se de uma escalada muito mais técnica do que a do Cão Sentado e foram utilizados para conquista entre outros artifícios um bambu para vencer alguns lances. Atualmente a via tradicional do Cão Sentado possui diversos grampos que foram sendo colocados no decorrer de 6 décadas. A via tradicional do Charuto foi regrampeada, porém todos os grampos originais da conquista ainda estão na pedra, sendo um verdadeiro museu ao natural. Durante alguns anos Hermano continua se aventurando em várias montanhas da cidade, mas, provavelmente pela falta de incentivo, equipamentos e companhia aos poucos se retira do cenário do montanhismo, mas com o legado que jamais se apagará diante seus feitos frente a escalada friburguense.

Década de 60

Até o início desta década Hermano ainda a frente do CEF, conquistou uma via na Pedra Menor do Pico das Duas Pedras e começou outros projetos, que acabaram sendo deixados de lado, assim como o esporte. Parece que a retirada dele do esporte acabou de certa forma contribuindo para a total falência do esporte em Nova Friburgo por pelo menos 2 décadas. Estamos falando da escalada praticada por friburguenses. Em contrapartida os "forasteiros" continuavam cada vez mais a procurar o município, principalmente a região dos Três Picos. Em 1965 uma equipe do CERJ conquista uma das vias mais difíceis do Brasil para aquela época, a Chaminé Pellegrini, uma homenagem dos companheiros de clube a este importante nome da escalada brasileira.


Década de 70

Enquanto os friburguenses permaneciam inativos, as grandes conquistas continuavam na região dos Três Picos, algumas atraindo até os dias de hoje escaladores das mais diferentes regiões. De todas as conquistas desta época a mais importante foi a Face Leste do Pico Maior, onde Guilherme Ribeiro, José Garrido, Waldemar Guimarães e Valdinar de Menezes "Vavá", membros do CERJ, talvez sem nem imaginarem conquistavam uma das melhores e mais tradicionais escaladas do Brasil. Qual escalador nunca ouviu falar da primeira ou da segunda chaminé, ou ainda dos esticões, ou da "temida" durante muito tempo Travessia da Leste. Pode parecer estranho para os mais novos no esporte, mas, este lance era um dos mais comentados em qualquer rodinha de escaladores que tivesse a pretensão de repetir a via naquela época. Outras vias tradicionais foram conquistadas nesta década na região, entre elas a primeira ascensão ao Pontão Rachado que fica entre o Pico Maior e a Pedra do Capacete, este pontão recebeu em uma justa homenagem o nome do morador local, José Cândido que recebia os escaladores em sua casa como se fossem parentes, filhos ou irmãos. José Cândido era o Pai do Reinaldo que seguindo o exemplo do pai acolheu tão bem durante muitos anos centenas de escaladores em sua propriedade.

Década de 80

Enquanto a escalada ainda não havia sido redescoberta pelos friburguenses, na região dos Três Picos começava uma nova era para as escaladas do local e isso mudaria diretamente a escalada a nível nacional. Quando os jovens cariocas Sérgio Tartari e Alexandre Portela começaram a frequentar a região o que se viu foi uma evolução tão grande na escalada em grandes paredes que ainda hoje é dificil de acompanhar esta evolução e muitas das conquistas feitas por esta dupla continuam com poucas ou quase nenhuma repetição. Tartari que é morador há mais de 3 décadas da região, se consolidou como um dos maiores escaladores de rocha do continente sul-americano. Vias como Arco da Velha e Cabeça Dinossauro ainda hoje podem ser consideradas algumas das mais difíceis vias em grandes paredes do Brasil.

 Década de  90

Muro de escalada da feira Ecosport marcando o início de uma geração que abril as portas para novas conquistas e desafios em 1990.






















Primeiro muro e campeonato de escalada da cidade de Nova Friburgo durante a realização da feira Ecosport no Nova Friburgo Country Clube em 1990. No domingo, último dia do evento foi realizado um pequeno campeonato de escalada no muro. Este foi o primeiro evento do tipo na cidade. Um dos primeiros do Brasil.
Fonte: André Rodrigues.

Alpinistas Friburguenses no cume do Pico Maior em 1991.




Marvim e Japão em 18-08-1991, na minha opnião 2 dos nomes mais importantes nomes da escalada friburguense, principalmente na década de 90. Após mais de 8 horas de escaladas finalmente chegamos ao cume do Pico Maior, para mim uma espera de quase 2 anos, Japão havia há pouco tempo atrás se tornado um dos primeiros friburguenses a escalar o Pico Maior. Está escalada teve um significado muito especial para nós, pois, poucos dias antes havíamos perdido um grande amigo e companheiro de esporte, que se foi justamente na Face Leste. Está foi em sua homenagem Sérgio Jaccoud de Oliveira.
Fonte: André Rodrigues.
Escaladores de  Nova Friburgo no Mirante do Cão Sentado no Parque de Furnas em 1993.

 25-04-1993 - Parque de Furnas do Catete - Nova Friburgo - RJ. Neste dia fomos junto ao Fotógrafo Lucio Cesar Pereira fazer uma matéria para a revista Municípios em Revista para confecção de uma matéria cujo tema foi o Centro Excursionista Friburguense. — com Lucio Fotografia E Filmagem, Joel Novo, Sobrinho, Carlos Roberto Campos, Leonardo Amorim, Dario Do Nascimento, Genelcio Brunes e Eloir Perdigão.
Fonte: André Rodrigues. 






Alpinistas de Friburgo no do Dedo de Deus em Terezópolis, após 3 dias na montanha em 1994.


Escaladores de Nova friburgo no dedo deDeus em Terezópolis - 24-07-1994. Mesmo com chuva frioe vento, fomos ao cume e antes do meio dia começamos a rapelar a via teixeira. Depois de 2 noites no alto da montanha. Com joel Novo, Mauro Luiz, Dinei Costa, Fellipe, Dário do Nascimento, André Rodrigues e Leonardo Amorim.
Fonte:André Rodrigues.




Campeonato de escalada realizado em Nova Friburgo em 1998.

Challenger of Climbing em 25-04-1998. Campeonato de Escalada realizado em Nova Friburgo. Todos os competidores reunidos antes do início do campeonado.
Fonte: André Rodrigues.




















(FONTE - FEMERJ)

1. Introdução

A adoção de diferentes linguagens ao expressar os graus de dificuldade das vias de escalada por parte de diferentes grupos de escaladores no Brasil tem sido uma realidade de tal forma evidente que, mesmo no Rio de Janeiro, onde o sistema de graduação foi concebido, os três guias de escaladas publicados na década de 90 traziam diferenças na forma de utilizá-lo. Em algumas outras regiões do país verifica-se o mesmo fenômeno, porém de forma mais acentuada: frequentemente há equívocos no uso do sistema, e algumas vezes são utilizados sistemas estrangeiros ou formas híbridas dos sistemas brasileiro e francês.
Em 1999 o Fórum Interclubes organizou uma série de três seminários abertos com o objetivo de discutir as mudanças ocorridas e buscar um sistema que aproveitasse as vantagens do sistema existente e incorporasse a ele novos conceitos considerados importantes pela comunidade de escaladores.
Em 10/08/99 foi aberto o primeiro seminário com exposições de autores dos guias e catálogos de escaladas lançados até então no Estado do Rio: André Ilha (Catálogo de Escaladas do Estado do Rio, 1984 e Guia de Escaladas de Guaratiba, 1999 – em fase de elaboração na época); Flávio Daflon (Guia de Escaladas da Urca, 1996) e Alexandre Portela (Guia de Escaladas dos Três Picos, 1998). Nesta ocasião foram colocadas as diferenças na utilização do sistema, e iniciou-se um amplo debate para a melhoria do mesmo.
Dois outros seminários, nos dias 05/10/99 e 14/12/99, levaram à conclusão de uma nova proposta para o sistema de graduação brasileiro. Com este texto a FEMERJ divulga o enunciado formal deste sistema, que será a base para eventuais revisões futuras.
Lembramos que a atualização proposta aqui não objetiva somente a melhoria técnica do sistema, que poderá ser utilizado de maneira eficiente em qualquer das modalidades de escalada - vias esportivas, boulders, tradicionais e big walls. Ela traz também o desejo de difundir a utilização de um sistema único e brasileiro no nosso país. Esperamos com isso contribuir para a difusão de conhecimentos técnicos e para a preservação da identidade do nosso montanhismo, que é tão rico em histórias e realizações.

2. A Graduação de Escaladas no Brasil: Um pouco de história

Embora tenha tido seu marco inicial em 1912 com a conquista do Dedo de Deus, a escalada em rocha no país só começou a ser praticada de maneira mais ampla a partir da década de 30. Nesta época, a classificação das dificuldades utilizada para as escaladas era a mesma das caminhadas: leve, média, pesada, etc.
Foi durante a década de 40 que alguns escaladores começaram a utilizar um sistema de graduação específico para escaladas. Dois dos precursores deste novo hábito foram Sílvio Joaquim Mendes, do CERJ, e Almy Ulisséa, do CEB. O sistema utilizado, provavelmente inspirado no sistema alpino, tinha apenas um algarismo, que determinava a dificuldade geral da via. Não havia preocupação com a padronização da notação, de modo que alguns escaladores usavam algarismos arábicos enquanto outros usavam os romanos.
As tentativas iniciais de organização de um sistema viriam a ocorrer a partir na década seguinte. Em 1956, por exemplo, no Encontro de Clubes Excursionistas, dirigido por Ricardo Menescal e Manoel Lordeiro, foram listadas algumas das escaladas até então conquistadas e seus graus de dificuldade, sedimentando assim um padrão de referência para a classificação de outras vias sob um sistema único de graduação.
Na década seguinte o número de conquistas cresceu bastante, e logo surgia uma maneira brasileira de se graduar as vias, resultado do casamento do sistema alpino tradicional com a experiência dos escaladores locais. Este sistema foi aperfeiçoado, descrito e oficializado em 1974 pela antiga Federação Carioca de Montanhismo (FCM), responsável pela introdução da subdivisão "sup" na graduação. No ano seguinte, a FCM viria a se tornar estadual: Federação de Montanhismo do Estado do Rio de Janeiro (FMERJ), que viria a ser extinta no início dos anos 80. A FMERJ publicou em 1975 uma relação das conquistas até então existentes e seus graus de dificuldade, inaugurando ali o novo sistema.
Uma descrição formal mais completa mas com algumas adaptações seria feita em 1984, com o lançamento do Catálogo de Escaladas do Estado do Rio de Janeiro (A. Ilha, L. Duarte).
Finalmente, seu uso continuado e eficiência fizeram com que o sistema brasileiro fosse um dos oito únicos sistemas de graduação citados no livro "Mountaineering – the Freedom of the Hills (The Mountaineers, USA)", reconhecido no mundo todo como uma importante referência bibliográfica no montanhismo.

3. Descrição do Sistema de Graduação Proposto

3.1 - Introdução

Uma das vantagens do sistema brasileiro é a menção dos graus geral e do lance mais difícil da via em separado, ao contrário do que acontece em sistemas como o americano e o francês, que tomam como grau de uma escalada apenas o grau do seu lance mais difícil.
O sistema aqui proposto procura manter esta e outras qualidades deste sistema e ao mesmo tempo acrescentar algumas inovações que o tornem mais atual e eficiente. Algumas destas mudanças são: a adoção oficial do sistema internacional em artificiais (o sistema antigo classificava oficialmente os artificiais em A1, A2 ou A3, embora na prática no Brasil já se adote há tempos a escala até A5), a nova subdivisão (a,b,c) para lances de dificuldade elevada (VIIa ou maior) e a adoção de um grau específico de exposição.
A graduação de uma via é composta aqui de duas partes principais: uma "central", de menção obrigatória, e outra de termos opcionais, que podem ser acrescidos conforme a riqueza de detalhes que se deseje passar.
A parte central é composta pelo grau geral, o grau do lance mais difícil e o grau do artificial, quando este existir. Os termos opcionais são o grau de duração, o grau de exposição, o número de passadas em artificial e o grau máximo "obrigatório" em livre.
Lembramos que na atribuição do grau a uma via considera-se que o escalador está guiando e escalando "à vista", isto é, sem conhecimento prévio da via.

3.2 - O Grau Geral

O grau geral tem o objetivo de expressar a soma de todos os fatores objetivos e subjetivos que traduzem a dificuldade de uma via. Trata-se de uma média das dificuldades técnicas encontradas ao longo da via, que por sua vez pode ser ajustada de acordo com os fatores subjetivos, caso estes tenham um peso relevante na dificuldade geral. Entre estes fatores estão: distância entre as proteções, periculosidade das quedas, exigência física, qualidade das proteções e da rocha, existência ou não de paradas naturais para descanso no meio das enfiadas e possibilidade de abandono do meio da via.

Notação e uso:
  • Algarismos ordinais arábicos;
  • Não há subdivisões;
  • Colocado no início da graduação, podendo apenas ser antecedido pelo grau de duração, quando este existir;
  • Sistema aberto para cima, podendo sempre receber um grau a mais do que o máximo grau existente em uma determinada época;
Escala: 1° , 2° , 3° , 4° , 5° , 6° , 7° , 8° ,…

3.3 - O Grau do Lance mais difícil

Trata-se do grau do lance ou seqüência mais difícil de toda a escalada, ou grau do crux. Pode ser apenas uma passada ou uma seqüência, isto é, um conjunto de lances entre dois pontos naturais de descanso da via. Este grau também é influenciado pelo nível de exposição (um lance difícil longe do último grampo tende a ter graduação mais alta do que o mesmo lance bem protegido), embora o fator dificuldade técnica prevaleça. Menção obrigatória.

Notação e uso:
  • Algarismos romanos;
  • Subdivisões: "sup" até VIsup, e "a, b, c" acima de VIsup;As subdivisões são escritas logo após o algarismo, em minúsculas e sem espaçamento;
  • Posicionado logo após o grau geral, deixando-se um espaço entre eles, e antes do grau do artificial;
  • O sistema é aberto para cima;
Escala: I, Isup, II, IIsup, III, IIIsup, IV, IVsup, V, Vsup, VI, VIsup, VIIa, VIIb, VIIc, VIIIa...

3.4 - Vias de uma enfiada de corda, falésias e boulders

Para estas vias não há sentido em se atribuir um grau geral e um grau para o lance mais difícil, uma vez que são vias curtas, de comprimento máximo de 50 ou 60 metros. Então o grau geral é abolido, e utiliza-se somente o grau do lance ou seqüência mais difícil, em romanos, para expressar a sua dificuldade. As vias muito curtas, por serem normalmente mais difíceis, não costumam possuir pontos naturais de descanso – neste caso a via inteira é uma seqüência única a ser graduada.

3.5 - O Grau máximo obrigatório em livre

O grau de uma via de escalada é o seu grau mais em livre possível. No entanto, um escalador cujo nível técnico esteja abaixo dos lances mais difíceis de determinada escalada pode ter condições de repeti-la se subir tais lances em artificial, utilizando para isso as proteções como pontos de apoio. Embora este não seja o melhor estilo de se repetir uma via, muitas vezes é o estilo possível para quem (ainda) não consegue fazê-la totalmente em livre.
Por este motivo, na hora de graduar uma via, alguns escaladores gostam de mencionar o grau máximo "obrigatório" em livre da escalada, isto é, aquele que, mesmo utilizando as proteções como ponto de apoio, o escalador necessariamente tem que conseguir guiar em livre para repeti-la. Neste caso o "novo crux" passa a ser mais baixo, substituindo o crux real na graduação. O crux real é mencionado entre parêntesis, junto com a indicação do artificial que o substitui.
Por exemplo: Suponha que numa via de 3° VIsup o lance de VIsup possa ser subido pisando-se em duas das proteções (artificial A0, portanto), fazendo com que o grau máximo em livre passe a ser IV. O grau desta via pode ser expresso então como 3° IV (A0/VIsup). Isto é, a via é de 3° grau, o crux é de VIsup e caso este seja feito em artificial A0 o novo crux (grau obrigatório) passa a ser IV. O termo entre parêntesis (A0/VIsup) significa "ou você faz um A0 ou faz um VIsup". Uso opcional.

3.6 - O Grau do Artificial (A)

Entende-se por artificial o uso de meios não naturais (ou pontos de apoio artificiais) para progressão numa escalada.
O grau adotado aqui segue o sistema internacionalmente mais utilizado, indo de A0 a A5, e possuindo subdivisões ("+"). Apenas o A0 recebe uma definição um pouco diferente em relação a outros países. O grau do artificial de uma via é o grau da sua enfiada mais difícil, e não uma média dos diferentes trechos em artificial.
Quando o artificial possui poucos pontos de apoio, pode-se desejar mencionar a quantidade destes pontos. Neste caso, coloca-se o número de pontos de apoio entre parêntesis, logo depois do grau. Ex: 4° V A1(3) ou 4° V A2+(2).
Quando a via possui trecho em cabo de aço, adiciona-se a letra "C" ao final. Ex: 4° V C.
Convém comentar que a graduação de artificiais leva em conta principalmente a qualidade das colocações que seguram o escalador e o tamanho da queda em potencial.
Assim sendo, é possível a existência de artificiais com poucas passadas mas de graus elevados. Por exemplo: uma sequência de 4 ou 5 copperheads e rurps fragilmente colocados após um longo lance de escalada em livre sem proteção pode vir a receber um grau alto, apesar de ser um trecho curto.
Artificiais fixos podem ser A0 ou A1, conforme sua extensão. Artificiais de cliff são sempre maiores do que A1, variando conforme a distância da última proteção sólida e a dificuldade de progressão. Estes fatores também se aplicam ao material móvel em geral. Uso obrigatório.

Notação e uso:
  • Letra A maiúscula seguida de numeração de 0 a 5, em arábicos, sem espaçamento entre a letra e o número;
  • Subdivisões: "+", colocado após o número sem espaçamento;
  • Posicionado depois do grau do lance mais difícil e antes do grau de exposição (E), caso exista;
  • No caso de cabos de aço, letra C maiúscula, posicionada depois do lance mais difícil ou do artificial (A), caso este exista, e antes do grau de exposição (E), caso exista;
  • O número de pontos de apoio vem em arábicos, colocado entre parêntesis logo após o grau do artificial, sem espaçamento. Seu uso não é obrigatório;
Escala:
  • A0: Pontos de apoio sólidos ("à prova de bomba") isolados ou em uma curta sequência, com pouca exposição; pêndulos; uso da proteção para equilíbrio ou descanso; e tensionamento da corda para auxílio na progressão;
  • A1: Peças fixas ou colocações sólidas de material móvel, todas elas fáceis e seguras, em uma seqüência razoavelmente longa;
  • A2: Colocações de material móvel geralmente sólidas porém mais difíceis. Algumas colocações podem não ser sólidas, mas estarão logo acima de uma boa peça. Não há quedas perigosas.
  • A2+: Como o A2, mas com possibilidade de mais colocações ruins acima de uma boa. Potencial de queda aproximado de 6 a 9 metros, mas sem atingir platôs. Pode ser necessária uma certa experiência para encontrar a trajetória correta da escalada.
  • A3: Artificial difícil. Possui várias colocações frágeis em seqüência, com poucas proteções sólidas. O potencial de queda é de até 15 metros, equivalente ao arrancamento de 6 a 8 peças, mas geralmente não causa acidentes graves. Geralmente são necessárias varias horas para guiar uma enfiada, devido à complexidade das colocações.
  • A3+: Como o A3, mas com maior potencial de quedas perigosas. Colocações frágeis, como cliffs de agarra em arestas em decomposição, depois de longos trechos com proteções que agüentam somente o peso do corpo. É comum que escaladores experientes levem mais de três horas para guiar uma enfiada.
  • A4: Escaladas muito perigosas. Quedas potenciais de 18 a 30 metros, com perigo de se atingir platôs ou lacas de pedra. Peças que agüentam somente o peso do corpo.
  • A4+: Como o A4, mas são necessárias várias horas para cada enfiada de corda. Cada movimento do escalador deve ser calculado para que a peça onde ele se encontra não seja arrancada apenas com o peso do seu corpo. Longos períodos de pressão psicológica.
  • A5: Este é o extremo, sob o ponto de vista técnico e psicológico. Nenhuma das peças colocadas em toda a enfiada é capaz de segurar mais do que o peso do corpo, quando muito. As enfiadas não podem possuir proteções fixas nem buracos de cliff.
  • A5+: Como um A5 em que as paradas não são sólidas. Qualquer queda é fatal para todos os componentes da cordada.

3.7 - O Grau de Duração (D)

Expressa o tempo de duração da via quando repetida à vista por uma cordada que tenha prática nas técnicas exigidas e que tenha segurança no grau da via. A escala utilizada é a internacional, tendo a notação sido modificada para maior clareza, já que aquela escala utiliza os mesmos algarismos romanos que aqui utilizamos para o lance mais difícil da via. Assim sendo, os graus I, II, III, etc utilizados no exterior equivalerão no sistema brasileiro aos graus D1, D2, D3, etc, sendo o D de "duração".
O grau de duração da via só considera a ascensão, não incluindo o tempo de retorno, seja ele feito por rapel ou caminhada. Utilização opcional.

Notação e uso:
  • Letra D maiúscula seguida de numeração (de 1 a 7), em arábicos, sem espaçamento entre a letra e o número;
  • Posicionado no início do grau da via, antes de todos os outros fatores;
Escala:
  • D1: Poucas horas de escalada
  • D2: Meio dia de escalada.
  • D3: Um dia quase inteiro de escalada.
  • D4: Um longo dia de escalada.
  • D5: Requer uma noite na parede. Cordadas muito velozes podem repeti-la em um dia.
  • D6: Dois dias inteiros ou mais de escalada. Normalmente inclui longos e complicados trechos de escalada artificial.
  • D7: Expedições a locais de acesso remoto com longa aproximação e muitos dias de escalada.

3.8 - O Grau de Exposição (E)

O grau de exposição de uma via procura expressar seu o grau de comprometimento psicológico. Como visto anteriormente, a exposição está incluída, junto com outros fatores, no grau geral da escalada. No entanto, a sua menção específica em separado é uma informação muitas vezes importante, principalmente em se tratando de escaladas em ambiente de montanha, e muitos escaladores optam por utilizá-lo na graduação das vias.
A primeira vez que um termo que expressasse exclusivamente o grau de exposição foi utilizado ocorreu com o lançamento do Guia de Escaladas dos Três Picos (1998), por Alexandre Portela, Sérgio Tartari e Isabela de Paoli. Os autores criaram um sistema fechado com 5 subdivisões, e que teve repercussão bastante positiva por parte da grande maioria dos escaladores que utilizaram aquela publicação como fonte de informações sobre as escaladas de Salinas (Friburgo), região incluída no guia. Como resultado, decidiu-se nos seminários incluir este grau no sistema.
Os fatores considerados aqui são principalmente a distância e a qualidade das proteções e o risco de vida em caso de queda, mas também a dificuldade técnica dos lances (embora este fator tenha menor peso).
Este grau diz respeito apenas à parte de escalada livre da via. A exposição dos trechos em artificial está incluída no grau do artificial. Utilização opcional.

Notação e uso:
  • Letra E maiúscula, seguida de numeração de 1 a 5, em arábicos, sem espaçamento entre a letra e o número;
  • Posicionado ao final do grau da via, depois de todos os outros fatores;
Escala:
  • E1: Vias bem protegidas (ex: a maior parte das vias do Anhangava/PR, Cuscuzeiro/SP, Lapinha/MG e Coloridos, Urca/RJ);
  • E2: Vias com proteção regular (ex: vias do Morro da Babilônia, na Urca/RJ e Serra do Lenheiro/MG);
  • E3: Proteção regular com trechos perigosos (ex: vias na Serra dos Órgãos/RJ e Pedra do Baú/SP);
  • E4: Vias perigosas (em caso de queda) (ex: algumas vias de Salinas/RJ e Marumbi/PR); e
  • E5: Vias muito perigosas (em caso de queda) (ex: algumas vias de Salinas/RJ e Cinco Pontões/ES).

Legenda usada em nossos croquis:






Um comentário:

  1. Olá, gostaria de informar um erro deste artigo.
    O Prof. Hermano Fontão é natural da cidade de Campos, não de Macaé...
    Abraços, Matheus Fontão (seu filho).

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