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Caros amigos,o objetivo do Blog é compartilhar informações, opiniões e experiências sobre escaladas e divulgar o incrível potencial que a região de Nova Friburgo possui para a prática desse esporte. Disfrutem, deixem comentários e compartilhem sempre que quiserem suas aventuras pelo mundo afora! Sejam sempre muito bem-vindos! Um forte abraço e boas escaladas!!!

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Serviços de guia de escaladas e caminhadas em NF.

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sexta-feira, 20 de abril de 2012



Abertura de montanhismo de Petrópolis 2012 e 
Escalada na Pedra do Elefante





Palácio de Cristal (local da abertura de montanhismo de Petrópolis) e Banner comemorativo dos 100 anos da conquista do Dedo de Deus em 1912.  


Neste último final de semana, dias 14 e 15 de abril, aconteceu em Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, mais uma abertura de montanhismo da cidade imperial. O evento que aconteceu no famoso Palácio de Cristal, que foi um presente do Conde d’Eu em 1884, para a Princesa Isabel. O evento contou com a presença do CEP, Centro Excursionista Petropolitano, Escoteiros, Bombeiros entre outras entidades ligadas ao montanhismo na cidade.
















Foto da expedição de Teixeira em 1912.


Apesar do evento contar com muro de escalada e slekline, não havia muitos montanhistas no evento pelo menos no horário que estávamos lá. Mas o que achei mais interessante foi a exposição de fotos e objetos da conquista centenária do Dedo de Deus com 1692 metros na Serra dos Órgãos, em Teresópolis. 

 Quadros contando as histórias das cinco missas que foram rezadas no cume do Dedo de Deus.
 
 
     O caçador e guia do grupo, Raul Carneiro, Chamou os irmãos Américo, Acácio e Alexandre de Oliveira e o ferreiro, natural de Pernambuco, Jose Teixeira Guimarães, que também fez os primeiros grampos do brasil, para tentar escalar a montanha, que uma expedição alemã, desistiu da escalada e disse ser impossível. Os brasileiros conseguiram chegar no topo e se tornarem os primeiros a pisar no cume de uma das montanhas mais belas do mundo em 1912. 



 A famosa escada que dava acesso ao cume do Dedo de Deus que tive o prazer de usar em 1994.


O feito de cem anos atrás está sendo considerado o marco inicial do montanhismo moderno no Brasil. Com tamanha importância, será realizado nos dias 23 de abril a 1 maio no Rio de Janeiro, no bairro da Urca, a primeira semana do montanhismo no Brasil e o evento comemorará o centenário da escalada do Dedo de Deus.

Foto:Dário do Nascimento.
                                     
Léo e a galera de friba no Dedo de Deus em 1994, com a escada original e em 2007 com a escada nova.

   Foto: Fábio Nunes. 
 
 Fiquei empolgado em rever a antiga escada que havia no final da via Teixeira, que ficava apoiada em um totem de pedra e fixada com grampos antigos para facilitar o acesso ao cume do Dedo de Deus, assim estava quando subi o Dedo e a vi pela primeira vez em 1994.



   Pedra do Elefante vista frontal. 

Após visitarmos a abertura de montanhismo partimos para Itaipava, para escalarmos a Pedra do Elefante, em Taquaril, local onde encontra-se este enorme monolito de pedra e o Abrigo do Elefante, que fica na base da montanha. O refúgio que é administrado pelo casal de escaladores Ralf Côrtes e Ana Alvarenga, é bem aconchegante e conta com 12 camas para acomodar os escaladores, banheiro e cozinha. Mais informações em: www.abrigodoelefante.com.


                                   Setor das vias esportivas e eu escalando a primeira parte da Urutu  VIIb.
 
Logo que cheguei fui recepcionado pelo Ralf e o Zé de Três Picos que estavam a minha espera, após me acomodar e arrumar a mochila o mais rápido que consegui  partimos  para aproveitarmos o final de tarde no setor da Grotinha, onde ficam algumas vias esportivas mas a pedra conta com mais 3 setores com vias esportivas e um com vias tradicionais com mais de 300 metros e paredes grandes com 550 m com um dia inteiro de escalada. Subimos bem rápido para podermos aproveitar os últimos raios de sol e logo que chegamos na base fomos logo nos equipando e comecei guiando a primeira parte da via Urutu VIIb. A via transcorre através de um veio de pedra e conforme vai ganhando altura a parede vai ficando cada vez mais vertical.  Consegui guiar a primeira enfiada até a parada dupla e em seguida dei segue para Zé limpar a via.
 

Léo na Laca da primeira enfiada da via Quebra-Cabeça 6ºsup VIIa E3 D1.

Ralf já havia descido e como queríamos aproveitar ao máximo, entramos já na penumbra no setor Teto, onde há 6 vias. Escolhemos escalar a primeira enfiada da Quebra-Cabeça( 6ºsup VIIa E3 D1) NÃO COLOCAR MÓVEL NENHUM NA PRIMEIRA LACA. Descermos, a noite, a trilha de volta para o conforto do abrigo. Chegando lá foi só rangar, trocar uma idéia, se alongar para dormir e descansar para tentar no dia seguinte a Ni’um Homizin (3° Vsup D3 E3).Para escalar esta via é necessário 10 costuras, 4 mosquetões avulso, friends Cams-1,2,3 e 4(opcional). e uma corda de 60 m.




                                Croqui da Ni’ um Homizin - 3° Vsup D3 E3.


A via foi conquistada integralmente por uma cordada feminina Ana Alvarenga, Helena Fagundes, Mariana Pardal, Natália Caldas e Patrícia Duffles em 21-04-2007.  As meninas de Petrópolis estão mandando muito bem e a via não é dada tendo enfiadas bastante longas que é bom não cair. 



                                     Cacau se alongando no fingr do Abrigo do Elefante.

Acordamos bem cedo e logo estávamos tomando café quando Ralf chegou e começamos a caminhada até a base da ni’um homizin, que fica a 30 minutos de caminhada do Abrigo, no setor D. Durante estas aproximações, deve-se respeitar as placas de orientações, os totens, as regras e a ética do local, porque a base da pedra é área particular e existem várias propriedades ao redor, por isso não abram novas trilhas, não joguem lixo nas trilhas e bases de vias e usem sempre os banheiros químicos que existem no meio da trilha evitando poluir as nascentes existentes na base da montanha.



     Setor D com vias tradicionais vista frontal.

Não poderia ter sido melhor, Ralf nos guiou até a base e durante todo trajeto ele nos mostrou os setores de escaladas, as vias já existentes, os projetos e o potencial da pedra do Elefante.Chegamos na base da via que começa com uma bela fenda larga de boa pega que Zé guiou  protegendo em móvel com os camalots 1,2,3 e 4. 


                                                Zé guiando a fenda do início da ni’um homizin.
.
Após Zé guiar a primeira enfiada assumi a ponta da cordada e guiei o restante da via que vai seguindo em lances de aderência com agarras com uma inclinação entre 80° a 85°. A via que tem  cerca de 380 m de extensão conta com 9 enfiadas longas e é bom ter um croqui na manga para não perder tempo.


                                                   Zé na quarta enfiada da via.

      Após passarmos os lances mais inclinados da via com lances de Vsup, começamos a subir as últimas rampas e os trepa matos e após passarmos mais um  lance de Vsup chegamos a última parada dupla marcando o final da escalada que durou cerca de 3 horas. Assim que nos hidratamos e tiramos umas fotos fomos logo procurando a via de rapel.




                                 Léo em um dos cruxs da via.

Seguindo as orientações do Ralf, e como não levamos duas cordas de 60 m tivemos que seguir caminhando pela direita e logo avistamos um grampo na borda de uma fenda e mais acima no mato o grampo de rapel da via Dumbo, que usamos para rapelar.


                   Eu e Zé no final da ni’um homizin com o pico da Maria Comprida ao fundo. 



O rapel com uma corda foi um pouco demorado e muito picado cerca de uma hora e meia quando chegamos na base mais 30 minutos de caminhada e estávamos de volta ao Abrigo do Elefante e de lá após umas cervejinhas, partimos para Friburgo.



                                                      Léo, Zé e Ralf no Abrigo.






Escalando as agulhas do Frey (Cerro Catedral) Patagônia Argentina.


      Agulhas do Cerro Catedral: em destaque, a Torre Central.

Em janeiro deste ano resolvemos, eu e minha parceira de viagens e esposa Claudia, voltar mais uma vez a Bariloche, na Argentina, para conhecer a região do Cerro Catedral ou Frey como é mais conhecido pelos escaladores, devido ao nome do refúgio que existe na base das agulhas ao lado da Laguna Toncek. 
  Caminhada para o Refúgio Frey com o lago Gutiérrez ao fundo.

O nome Frey é em homenagem ao  Emilio Frey, que também tem seu nome em uma das agulhas mais frequentadas do local.
 
Cacau no bosque da caminhada para o Frey.

               A região fica dentro do parque nacional Nahuel Huapi, que é o primeiro parque nacional da Argentina, onde também fica o famoso Cerro Tronador. Uma vez em Brasiloche o,o,o, desculpem, Bariloche, é recomendável ir até o Clube Andino de Bariloche para comprar o guia da região do Frey que custa 10 pesos Argentinos.
 
                                   Final da caminhada com a vista da agulha Frey.

O guia foi escrito pelo famoso escalador Argentino Rolando Garibotti, e sua última atualização foi em 2010. O mesmo mantém o site http://www.pataclimb.com.ar/ e tanto o guia quanto o site tem ótimas informações sobre a região do Frey e é claro, os croquis.
Cacau chegando na lagoa toncek ao lado do acampamento.
Para encurtar, pode-se dizer que Bariloche tem de tudo o que você precisar: lojas de equipamentos, agências de turismo de aventura, supermercados, casas de câmbio, inúmeros albergues, hotéis, restaurantes dos mais variados e lagos mais muitos lagos, além de suas famosas cafeterias. Não deixem de ir à Rapa Nui, só de lembrar já da água na boca mas....... vamos ao que interessa, as escaladas.

                                    Acampamento ao lado da lagoa Toncek (Frey).

Para se chegar ao Frey, tem que pegar o ônibus Cerro Catedral, tem que ficar ligado nos horários porque de manhã ele passa no ponto da Avenida San Martin e após as 11:00 ele passa no ponto atrás do Clube Andino de Bariloche. O ônibus leva menos de meia hora para chegar ao estacionamento da estação de Ski onde começa a caminhada para o Frey.
Nossa cozinha no frey.

Uma vez no estacionamento, sigam caminhando à esquerda até o final das instalações da estação pela estrada que vai beirando o estacionamento e dali por diante é só guiar-se pelas placas de orientação até o refúgio Frey. 
     Lago Toncek e o Refúgio Frey.

A caminhada é mesmo linda e marcante, não só pelas paisagens mais pelo esforço de se caminhar por mais de 5 horas com 35 kilos nas costas mas faz parte do pacote. Após atravessar pontes, riachos, encostas rochosas, um lindo bosques de alerces e um caminho de pedras chega-se ao refúgio e a Laguna Toncek, onde se pode acampar de graça e desfrutar das lindas agulhas alaranjadas do Cerro Catedral.
                                          Nos dentro do Refúgio Frey.
Logo que cheguei não foi difícil encontrar parceiros para escalar pois a cada ano a região recebe um número maior de escaladores tupiniquim ou brazucas. Já em frente a minha barraca tinham grupos de Mineiros, Paulistas, Gaúchos, e eu representando o  Rio.
   O nosso acampamento visto do Refúgio Frey.

Conheci o escalador José Nunes "Zé", de Andradas, que me apresentou a mais alguns outros escaladores que estavam viajando com ele e outros que estavam acampados. logo consegui armar uma cordada para escalar a agulha Piramidal, nem posso descrever como fiquei feliz e aliviado por conseguir fechar uma cordada.

                                          O Refúgio visto do acampamento.
 Depois de analisarmos o guia decidimos escalar pela via shiva la de Los cuatro Brazos V+ E3 D2. 100 m. Toda em móvel, a via não possui grampos ou chapas para rapel, o que nos obrigaria a subir até o cume e achar a via de rapel ou abandonar equipamentos e rapelar em um bico de pedra.
Agulha Piramidal (Frey) Patagônia Argentina.


A escalada!
Partimos no dia seguinte pela manhã em uma caravana. Eram três cordadas que iriam tentar a montanha duas pela shiva e uma por outra via. Contornamos o lago Toncek, em direção a agulha Piramidal, e fiquei literalmente viajando logo no começo com a quantidade de agulhas que tem no Cerro Catedral, uma mais linda que a outra em destaque a agulha M2, Central, El Abuelo, La Lechuza e muitas outras.

     Agulhas M2 e El Abuelo em destaque.

Continuamos subindo pelo caminho de pedras até a base da agulha Piramidal, que levou uma hora e meia de caminhada, a maioria das escaladas no Frey exige uma aproximação.

                                          A Piramidal vista da caminhada de aproximação.

Fechei uma cordada com Rafael, Zé e o Argentino Marcelo. Comecei guiando a via por um sistema de fendas com ótimas colocações em um 5˚ bem tranquilo, mas o nosso maior inimigo não era a via e sim o tempo, que a cada hora ficava pior.

     Léo guiando o início da shiva la de Los cuatro Brazos V+.

 Eu não podia acreditar só tinha dois dias para escala e um já estava indo por água abaixo literalmente. Rafael guiou a segunda enfiada da via, muito bonita inclusive, uma fenda bem em pé e quando eu comecei a guiar a terceira enfiada, surgiu um lindo diedro, veio a chuva de granizo e começou a molhar toda a rocha e a acumular granizo nas fendas.

 
    Rafael Reis na segunda enfiada.


 Ficamos numa indecisão só. O que fazer? Abandonar uma fita num bico de pedra e rapelar ou esperar o gelo derreter e a rocha secar? Estava ficando cada vez mais frio e meus parceiros desanimados.
Léo guiando o diedro da shiva.

Com medo dos meus parceiros desistirem da escalada e eu perder um dia de Climbing, comecei guiando o diedro ainda molhado e quando cheguei no final onde havia um crux e ia começar um lance em agarras saindo do diedro,  novamente veio uma chuva e com ela o granizo.
      O  granizo já derretendo na base do diedro.

Juro que fiquei sem saber o que fazer, colocar uma fita num bico e limpar o diedro e ir embora. Esperar e ver se o tempo melhora!  Por incrível que pareça meus companheiros também não estavam nem um pouco afim de dar meia volta e rapelar num bico de pedra.

    Rafael na saída do diedro.

Deixei o diedro equipado desci até a reunião para me abrigar e esperar que o tempo mudasse tão  rapidamente e loucamente.  Após quase uma hora de espera e indecisão o tempo simplesmente abriu e ficou azul. Vai entender!
    Rafael na quarta parada com Zé na saída do diedro.
Rafael subiu guiando desta vez .O lance na saída do diedro ainda estava bem úmido mas ele conseguiu passar e logo em seguida  Zé foi atrás dele e logo estávamos na quarta parada. Assim que cheguei na parada peguei os equipamentos e sai em disparada para o cume. Restava apenas mais uma enfiada e aquela altura não tinha mais volta.

     Léo guiando a última enfiada da Piramidal.
Fui guiando por um sistema de fendas e diedros até que avistei a via de rapel. Fiquei mais tranquilo e mais alguns lances e já estava no cume.

Leo no cume da agulha Piramidal.

Quando cheguei naquele pequeno cume da agulha Piramidal foram duas sensações uma de felicidade por estar fazendo meu primeiro cume na patagônia e a segunda de desânimo por poder ver a enorme tempestade que estava a menos de 10 minutos.
                                                                      Vista do cume da agulha Piramidal.

Fiquei ali chamando meus parceiros para andarem o mais rápido que podiam porque onde eles estavam não dava pra ver o que nos esperava. Assim que Rafael chegou na via de rapel desci do cume, Zé já estava chegando quando novamente começou a chover e desta vez mais forte.
Rafael, Marcelo e Zé no início do rapel.

 Quando o Marcelo chegou tiramos umas fotos comemos rapidamente e começamos imediatamente o rapel. Tudo ia bem rapidamente a chuva passou e quando eu estava achando que era só alegria no penúltimo rapel a corda simplesmente agarrou após puxarmos.
                                                                       Rapel da agulha Piramidal.
Ficamos dando uns estanques na corda e quando estávamos discutindo quem ia subir pra desenroscar a corda eu e Marcelo nos penduramos na corda e aquela sensação de alivio a corda começou a correr e pouco a pouco ela foi soltando.
     O lagoa Toncek com a agulha Frey a direita.

Assim que cheguei no chão pude perceber o quanto é que são comprometedoras as escaladas na patagônia. Já no dia seguinte escalamos a agulha El Abuelo, esta escalada sem dúvida foi bem mais tranqüila apesar da via ser mais difícil. Escolhemos escalar a rota Naca Naca Mucho Mucho 5˚+  E2 D2.  
 Leo limpando a via Naca Naca Mucho Mucho 5˚+ na El Abuelo.

Via alucinante em um sistema de fendas que na sua útima enfiada tem um diedro alucinante. Por sorte este dia estava lindo. Desta vez foram duas cordadas. Numa delas estava eu, Zé, e o Argentino Marcelo, chegamos no cume sem maiores problemas com menos de duas horas de escalada e foi só visual.
Penultima enfiada da via.
    
             Dava pra ver a Campanile Esloveno uma das mais bonitas do local a agulha M2 que estava bem abaixo de onde estávamos e a agulha CAC que é alucinante. Também desta vez o rapel foi bem tranqüilo. 
 

Léo no cume da Agulha El Abuelo e os três reunidos no cume.


Após estes três dias de pura aventura era hora de voltar para Buenos Aires, e em seguida para o navio DPI que me aguardava para mais um embarque. Que depressão sair de um pico alucinante para um navio no meio do oceano onde a maior montanha era a torre de perfuração. 

A agulha M2 no fundo após terminar o rapel.